Aventura - Horas Antes do Fim

- Estou cego, não surdo... Coff Coff.

Respondeu Duraha. Trizan não consegue segurar uma risada sincera.

- Hah! Eu acho que em circunstâncias diferentes teríamos nos dado bem! Felizmente meu terapista me ordenou ser mais gentil com as pessoas então vou deixar essa passar.

Ao ver que Iris conseguia se recuperar, Trizan tenta acelerar o grupo.

- Não venceremos esse combate com força bruta. As linhas de força estão a favor do lobo. Precisamos de uma estratégia, mas não temos tempo…

Trizan movia seus braços de forma desengonçada enquanto falava, era incrivelmente difícil de se acostumar com o etherium.

- Felizmente… Eu sou muito bom em fugir de lutas... Comprarei tempo.

Trizan concentrava-se, talvez esse fosse o feitiço mais importante que iria conjurar nesta batalha. Não era, no enquanto, um simples encantamento, ou mesmo qualquer coisa que ele estava acostumado. Para piorar, os aliados estavam espalhados pelo campo de batalha.

“A teia, claro” pensou o mago em epifania. Agachando-se, Trizan toca a teia. Ele podia sentir cada um dos seus aliados.

Com um movimento circular de suas mãos, faíscas de mana azul desenham um círculo em frente ao mago. Logo o círculo se expande e engole os planinautas aliados, como uma cortina azul.


Os planinautas se encontrariam em meio a Ravnica, no mesmo lugar que estavam. Porém 1000 anos atrás. Era dia, pessoas andavam pela região, alguns mercadores tentavam vender bugigangas. Era uma época “próspera” anterior à quebra do pacto das guildas ou à emergência de Szadek.

Não percam tempo iludidos pelos locais, não podemos interagir com eles - Explicava Trizan demonstrando que não conseguia tocar em uma mulher próxima a ele, sua mão atravessava o corpo da mesma como se ele fosse um fantasma. - Eu adoraria dar uma palestra, mas a realidade deste local não é importante agora. Temos pouco tempo, e temos que salvar essa cidade.

Estilhaçados e quebrados, se havia ainda algum orgulho e prepotência nos planinautas, agora já não havia mais. Vento Cinzento fez vez à sua fama de crueldade. Com velocidade e poder amplificados pelo obelisco condutor de linhas de força, o lobisomem aleijou todo o grupo em cerca de dois segundos. Nicol Bolas era inefável, tal como seu exército de lacaios. O plano do deus dragão foi planejado por anos, as centelhas ceifadas preenchiam o céu de Ravnica, num baile melancólico de estrelas cadentes de rumo ao conjurador de escamas douradas.


O leonino, veterano de desgraças, conhecia o estado de sítio e derrota iminente. Phyrexia parecia tão irrefreável quando Nicol Bolas. Ele sofrera, caído ao chão numa poça de sangue, perdera o que fazia sua raça única entre os outros do multiverso: a união perfeita entre carne e metal. Sua mente vagueou entre o consciente e o subconsciente, entre dor e desistência, entre o passado e futuro.

O caçador, tinha algum destino semelhante, afinal, o que faz um predador perfeito que não um olhar e uma mira precisa? Duraha viveu uma vida rígida de disciplina militar e sobrevivência em ambientes bestiais e hostis, ele sabia que as feras machucadas ou deficientes, eram abandonadas à própria sorte por seus bandos. E hoje, ele havia se tornado um peso morto, não enchergava mais.

O deus das mil formas, Belian era uma espécime peculiar de metamorfo. Ao passo que os demais de sua raça, agiam como escamotadores ou lacaios, o planinauta ansiava por poder, conhecimento e justiça. De pequenos e esquivos insetos a bestas monstruosas, o dimir experimentara tudo que o sonhar poderia lhe oferecer, incluindo formas sem membros, mas nunca uma sem ossos íntegros. Descartado como um saco de carne, seu poder metamórfico carecia de integridade física, ele não mutaria por enquanto.

O gigante, um punhado de músculos e cicatrizes, com mais mortes em sua longa carreira do que habitantes em Ravnica. Teiven era temível, sem dúvidas, mas até os mais poderosos caem em truques traiçoeiros. O veneno de Rhonas corria rápido por suas veias, a pele negra e pegajosa aumentava em espectro, o braço esquerdo já não parecia tão forte, parecia fazer par com sua mente febril e delirante. O gigante estava pequeno.

O mago, distante em sua torre de poder de senador, jamais esperaria a falha em seu feitiço, como ele, ludibriador da lei, seria sobrepujado por uma fera rude. E mais, sangue, dor, ferimentos. Trizan não era tocado há muitos anos, seu ardil político era tão avançado quando o arcano, quando não podia manipular um problema, o anulava, e funcionava simples assim. Seus braços amputados, torceram memórias antigas, devaneios e reflexões, caído como uma boneca abandonada, o eloquente estava sem palavras.

Todavia heróis não se tornam heróis por tradição, precisão, engenhosidade, força ou habilidade. O que distingue heróis de mortais, é a superação. Heróis nunca se rendem.


E um a um eles se levantam, Simba ergue-se renovado em uma aura dourada de poder. O mirraniano havia criado nova carne em suas chagas e um novo propósito em seu espírito, ele era um kha, um descendente dos maiores de sua raça. Ele opta por uma promessa final à Vento Cinzento. O lobisomem sorri com sua bocarra de dentes afiados, quase em escárnio.

Vento Cinzento: Hihihihehehaha! Acha que por que brilha como um vagalume há de me intimidar leonino?

Por um instante ele muda de feição para um mais séria, olhando nos olhos de Simba.


Vento Cinzento: Mas não hei de negar, você tem coragem! E uma habilidade peculiar de sobreviver! Ajoelhe-se! E intercederei por você ante ao Deus Dragão! Sua centelha pode ser poupada!

Metros atrás, Duraha tateava em vão em seu "escuro", ao passo que sua mão buscava Iris, sua mente no entanto, buscava um uivo familiar. Seu lamento fora escutado por Belian. O metamorfo, por sua vez, fazia de seu claustro sua fortaleza. Imóvel, fez de sua mente sua arma mais desenvolta. E assim, com manipulação hábil de suas teias, rumou até o gigante Teiven drenando o veneno mortal que o consumia, o gruul estava agora livre e brandia maldições aos céus.


Como se não bastasse, mais atrás no monte de entulhos, Trizan renascia em uma nova carapaça. Mostrando amplo conhecimento em magia multiversal, o mago manipulou o metal em sua adaga aos moldes dos artífices de Esper, formando novos membros ainda mais fortes que os anteriores. Ele e Belian então contataram Iris, reuniriam o máximo dos conjuradores, precisavam de muita mana e muito conhecimento.

A criomante jazia caída, sua mente vagueava pelo passado e por delírios como seus companheiros, ela chorava em silêncio enquanto tentava entender os caminhos que levariam aos finais que sua mente a revelara. Consideraria desistir se pudesse, mas havia aceitado sua sina como agente do destino, ela não tinha essa regalia, nunca teria. Ela despertou ao escutar de a voz de Duraha, que lhe oferecia uma poção.

Iris: Eu... obrigado Sr. Duraha!

Ela olhou estarrecida para a face do caçador, sustentando um grito sem som. A visão dos visores manchados de sangue e ferimentos era aterradora, eram sinais de uma alma fragmentada e ofendida.

Iris: Me permita aliviar...

Com a mão estendida ela tocou o rosto de Duraha, que sentiria uma leve camada fria, que aliviava a dor de seus ferimentos.


Iris: Os olhos da alma não podem ser cegados!

Passos pesados de Teiven então tremiam todos ao solo, ao passo que Trizan e Duraha utilizam a rede mental para organizar os esforços da agora formada equipe. Simba responde de imediato, assim como Iris, fariam um plano, desse certo ou não, não seriam derrotados sem luta. O gigante então alcança o obelisco, o braço esquerdo falhava um pouco, mas ainda era forte.

Vento Cinzento: Hihihehehehaha! Bravo gigante, sempre quis sentir o cheiro de carne de gigante queimada!

O lobisomem então recua dois passos e toca o obelisco, que volta a apresentar um brilho dourado-alaranjado com suas runas em destaque.


Vento Cinzento: Queime!!!

Mas antes que qualquer fogo pudesse arder, um vórtice azul surgiu engolindo os planinautas.


Trizan usara de uma magia poderosa e antiga, e agora os aliados eram sombras fúlgidas numa tela pintada como uma Ravnica antiga. A praça da guarnição estava agora novamente intacta, seus ladrilhos novos e polidos reluziam com o sol em zênite acima da cabeça de todos. Atrás, a guarnição ostentava imponência e recém-costuradas flâmulas boros, que dançavam ao vento. Era um lindo dia na cidade das guildas. O que chamava mais atenção no entanto, era a gigantesca estátua de bronze com a efígie de Niv-Mizzet que fazia as vezes do local onde estava o obelisco.


Iris: Fantástico senador!

A criomante levantava com alguma dificuldade, embora suas pernas estivessem parcialmente curadas pela poção de Duraha.

Iris: Agora compreendo a visão de Niv-Mizzet! Por favor, segurem firme a teia e abram suas mentes!

Iris então concentra-se e expande uma série de visões aos planinautas aliados.


Iris: Estamos todos presos aqui por intermédio de um artefato de Azor, nossas centelhas não podem ser utilizadas para transplanar...


Iris: Isso tudo pela sede de poder de um tirano destruidor, que almeja por intermédio de um feitiço antigo, obter as centelhas do máximo de planinautas que ele puder! Contudo ainda que seja extremamente poderoso, Nicol Bolas não possui mana o suficiente para a manutenção de seu encantamento e ainda controlar todo o combate em Ravnica!


Iris: E ai que entramos nós, Vento Cinzento e o obelisco. Em Ravnica, diversos meridianos e paralelos de mana cruzam o plano, são as linhas de força. Veios de mana puro, que são como a reserva do plano em si.


Iris: Embora pareça simples, é extremamente difícil sentir as linhas de força, e muito mais difícil ainda suas conexões. Por isso, milênios atrás, Niv-Mizzet encontrou e marcou cada uma destas conexões com uma estátua em sua homenagem. E mais, criou uma orbe detectora destas linhas, que foi como eu encontrei este ponto! Que aliás, é uma conexão mais especial ainda, já que no ponto do obelisco, cinco linhas convergem e se cruzam, uma de cada das cinco cores de mana.


Iris: A conexão com a linha depende muito mais do que só possuir o mana, o conjurador deve estar em contato profundo com qual aspecto da cor a linha representa! Neste caso, a orbe me revelou que nesta conexão, as linhas branca do altruísmo, azul da diplomacia, preta da crueldade, vermelha da saudade e verde da força se cruzam!

Ela então parou a projeção de imagens, e olhou todos com seus olhos cintilantes de mana pura.

Iris: Se dominarmos as linhas, poderemos drenar o poder das mesmas e acabar com a fonte de mana de Nicol Bolas!

A conexão que os unia era forte o suficiente para quebrar barreiras que jamais se ergueram.

O leonino olhava para todos os lados, vislumbrava os detalhes naquele lugar tão diferente de seu lar, as construções, os seres que transitavam e suas vestimentas, tudo ali era novo demais para ele e por mais que soubesse ser uma ilusão, ainda era real demais. Ele se voltou para trás, não havia Vento Cinzento ali, certamente era um local seguro, ainda que temporário. Caminhou para próximo da pequena aglomeração

Iris: Por favor, segurem firme a teia e abram suas mentes!

Simba, ainda sem dizer nada, enrolou uma das linhas multiplas da teia em sua mão e apertou forte. Sua mente divagou e uma conexão ainda mais forte foi formada, ele viu cada detalhe dos presságios de Iris, assim como ouviu atento a sua fria e estranhamente confortante voz. Era um quebra-cabeça, mas não soava como nada impossível. Assim que as visões se encerraram, Simba respirou fundo em pesar, já próximo aos demais, abaixando a cabeça assertivo

Simba: Droga... Eu sei o que temos que fazer...

Ele ergueu a cabeça, olhando para todos que estavam conectados, e por mais que soubesse que não precisasse falar, assim o fez

Simba: É evidente pra mim o que o Nicol Bolas está fazendo e por mais que não compreenda o que é essa centelha ou o que... "Somos"... O que ele precisa. De onde venho também existem... - Parou por um segundo - Existiram... esses caminhos naturais de energia que vocês chamam de mana, meu lar era regido por cinco sóis, os nós os chamávamos de zênites, um para cada energia existente, mas...


Uma imagem se passou na mente de Simba, talvez de forma tão intensa que poderia ser compartilhada com todos ali, fora do dia em que a invasão mostrou parte de sua real intenção, algo que colocaria em risco toda a existência de Mirrodin - mais do que a própria invasão -, talvez o dia em que o leonino e os mirranianos mais temiam

Simba: Invasores fizeram um ataque ao meu mundo e parte de seus alvos eram os zênites, afinal eles eram a esperança que restava para o meu mundo ter alguma possibilidade de resistência. Nós perdemos a guerra, mas não a esperança. Um ritual talvez tão antigo quanto o que este Nicol Bolas utiliza foi feito em acordo com os principais líderes das resistências, ou os que sobraram deles...

Sua cabeça se voltou para a grande estátua dourada de uma criatura desconhecida por ele

Simba: Não tínhamos força para derrota-los ainda, precisaríamos de tempo, mas sem o risco de perdermos os zênites, então aprisionamos a energia deles em lugares para que nunca fossem achados pelos nossos inimigos, para quando pudéssemos lutar, lutássemos.

Voltou novamente sua cabeça para todos, olhando nos olhos de cada um

Simba: Aprisionamos a energia dentro de receptáculos... Como eu.

Respirou fundo uma vez mais

Simba: Talvez precisemos fazer o mesmo aqui...

Assim que os planinautas acordam no limbo temporal criado por Trizan, Iris toma a frente do grupo para compartilhar visões com o grupo.

-Niv… Eu sabia que ele teria informações sobre esse cataclisma

Surpreso pelas palavras da Azorius, Trizan indaga

- Controlar as linhas? Você acha que isso é possível dada as circunstâncias? Eu imaginei que interromper, cortando o fluxo para Bolas e Vento Cinzento seria uma alternativa mais simples

Trizan vislumbra a estatua de Niv Mizzet. Apesar do narcisismo atroz, o dragão era uma brilhante figura do plano. O dimir não podia resistir em pensar que tipo de segredos e encantamentos ele poderia aprender se estivesse na mente do Parun.

- Por outro lado - continuou o mago - a recompensa nesse caso seria muito maior. Eu já estudei artefatos que, alegadamente, podiam controlar linhas de força. Zendikar, se me lembro bem, era o plano de origem.

“Azul da diplomacia” - Trizan ponderava a respeito do significado da frase. Como a diplomacia poderia ajudá-lo a sentir as linhas de força? De uma forma ou outra, sua experiência na caverna de seu subconsciente havia reforçado a ele a importância de ouvir o plano de seus companheiros sem assumir que seu diagnóstico era o único válido.  

Em seguida, Simba o leonino mirrodiano também apresentava suas visões. Trizan então, pela primeira vez, dirige-se a Simba

- Sou familiar com encantamentos de aprisionamento, porém voltamos a mesma peça vacante: como manipular as linhas.

Graças à teia mental de Belian, Duraha enxerga uma Ravnica que nunca vira por olhos que não tem mais.

Após ajudar Iris, a moça logo percebe sua dor e tenta toca-los

Duraha- Não, por favor..

Iris: Me permita aliviar...

A palma gélida refresca o caçador, aquela dor pulsante desaparece

Iris: Os olhos da alma não podem ser cegados!

Pensativo e confuso com as palavras da criomante, o Uivador joga-se ao chão e cruza as pernas. Com a cabeça baixa, apenas escuta o que o Felino Simba e o senador Trevor questionam. As informações e indagações de ambos são um paradoxo de confusão e lógica. Tudo isso somado ao fato do caçador de recompensas sentir-se como um inválido, assim como um cavalo sem patas ou uma espada sem fio.

Enquanto melancolicamente tateava seu arco, algumas palavras de Iris chamam muito sua intenção em particular.

Iris: A conexão com a linha depende muito mais do que só possuir o mana, o conjurador deve estar em contato profundo com qual aspecto da cor a linha representa! A vermelha da saudade.

-Saudade? Quando descarreguei todo meu mana na Guarnição para conjurar o Ultimato Ruinoso, eu me lembro de estar irradiado com esse sentimento, de alguma forma... - Responde Duraha para Iris.

Mas como um conjurador típico das estepes de Savai, em Ikoria, Duraha se utilizava de outros tipos de mana, o preto e o branco. Mas, ainda sim, ficou intrigado com a possível explicação ligação. As palavras de Iris pareciam como um quebra-cabeça querendo se montar em sua mente.  Duraha recorre a controlar sua respiração e pensamento, conseguindo inexplicavelmente se desconectar da rede neural de Belian.

...

Estava sozinho novamente em seu cosmo mental, desolado e só. Mas a experiência estava diferente agora, os uivos estavam estridentes.

Agora sei que seus uivos não são os verdadeiros. Mas você pode vir até a mim! Apareça!


Como um confronto que foi aceito, uma demoníaca forma canina se aproxima, com seus uivos melancólicos e aterrorizantes. Ela era enorme, poderia devorar Duraha numa única investida. A criatura o assombrava o tempo todo, imitando sons do passado.

- Então você é o meu cão negro. Diz Duraha sem se amedrontar, se aproximando lentamente.

A fera, mesmo estando numa postura agressiva, não avança. Embora de uma aparência assustadoramente abissal, havia algo nela que criava empatia com o uivador. Duraha estava tentando vê-la de outra forma, assim como Iris sugeria.

- Eu não te confrontei antes,  te ignorava e assim você cresceu sem eu notar.

- E se tornou essa forma hedionda. Não mais!

- Eu... eu aceito você!

A Fera, como se entendesse tudo, avança ferozmente e devora Duraha!

O mastiga, o rasga, o tritura, o desmancha, e por fim o engole. Muita dor, mas muito rápido.

-Diluído dentro da fera de sua mente, Duraha se conecta a ela. Uma grande rajada de mana vermelho o atravessa, o irrigando de todos os tipos de emoções. Conseguia vislumbrar seu passado, seu presente, e até seus sentimentos pelo futuro. Tudo ao mesmo tempo, como se fossem uma única coisa, sem divisão, sem regras, sem pesar.


A nostalgia de sua terra, da sua infância feliz, dos momentos alegres com quem lhe eram importante; os amores que passaram por sua vida e os prazeres que lhe ensinaram; seu vínculo a uma criatura inusitada; o luto inesperado; o remorso; o ódio e a vingança.

Mana vermelho e Duraha estavam como um só, poderia ser uma alucinação, ou ele estava sentindo a linha de força vermelha?

...

De volta à rede neural de Belian e aos seus companheiros, Duraha permanecia sentado ao chão de pernas cruzadas. Estava irradiado de mana vermelho, que podia ser visto por seu visor quebrado.
Mas o mais surpreendente não era isso.

Ele finalmente se deixou chorar.

As batidas do coração de Belian estavam fracas e lentas enquanto sua mente alternava entre um estado alerta e um estado de puro torpor, deveria estar morto de fato mas alguma coisa ainda segurava o metamorfo vivo, talvez sua centelha ou as milhares de vidas que continuam a existir no próprio metamorfo o importante é que algum desses fatores o seguravam nesse plano mesmo contra as possibilidades. E então veio paz...

"Im-pos-si-vel...Eu não...Eu não morri. Não posso...Não desisti ainda" - O metamorfo olhava ao seu redor uma Ravnica que nunca havia visto, as feridas pareciam não mais doer e não sentia mais a angustia, humilhação e dor de seus companheiros mas então notou que eles ainda estavam lá.

- Bom trabalho...Trizan - a garganta seca de Belian soltava uma voz rouca e baixa e dentro do casulo de teia seria possível ver um leve sorriso no que sobrava da face amorfa do metamorfo. Estava feliz em estar vivo.

Iris então começa a compartilhar as imagens de sua mente e suas visões do futuro próximo. Explicava ponto a ponto calmamente como quem já viveu aquilo inúmeras vezes, Belian sentia a satisfação de desvendar ao menos um pouco daquela mente mas também sentia medo do que precisaria fazer e duvidas sobre tudo. Temendo pelo pior decide tirar a limpo as duvidas com Iris contatando-a telepaticamente

- Então esse obelisco consegue drenar as 5 manas pois está sob um ponto de confluência...Podemos sentir e dominar as linhas você me disse, doce criomante, mas uma coisa ainda não tenho claro ou talvez o medo da resposta me deixe dúvidas. Possuir o mana não é ingrediente principal para o domínio das linhas de força mas ele ainda é necessário? Se sim me sobram os aspectos da crueldade, força e diplomacia...Não creio que eu possa me conectar mais a força bruta do que o gigante que vive para ser o mais forte, tampouco à diplomacia diante de Trizan cuja vida toda fora dedicada a isso. Quando você Iris, aquela com a visão da verdade, olha para mim é crueldade que enxerga? Essa é a minha essência?

Belian sentia-se decepcionado com os caminhos que o levaram até ali, naquele momento, temia a resposta da criomante e estava pronto para abraçar seu destino

Iris respirava fundo após revelar resumidamente o plano de Bolas, bem como o plano com as linhas de força. Sentia-se aliviada e cumprindo seu destino de certa forma. Observava enquanto as informação eram absorvidas pelo grupo em plano etéreo, até que uma voz toca sua mente, era Belian, ela vira seus olhos para ele, e responde pelo elo telepático.

Iris: Exato, embora manipular o mana seja uma condição importante e necessário, isso não significa dominar ou possuir todos os aspectos deste...

Ela pausava por alguns segundos.

Iris: Nem todos os manipuladores do branco são justos... e nem todos são fascistas...

Os olhos então olhavam o metamorfo de cima abaixo. Iris endireitou a postura, e respondeu firme. Quase sem emoção.

Iris: Não Belian Mutare, ainda que seja um assassino... você não é cruel!

O leonino mantinha-se assertivo, a ideia parecia ser a mais lógica ali presente, mas ainda assim era irracional demais, não era possível saber como as coisas se encaminhariam a partir dali e, por mais que aquele fosse um momento de paz, ele sentia que a guerra estava se aproximando novamente; Seu olhar pensativo fora interrompido pelo mago que os levara até lá

Simba: Eu... Não sei. Não fiz parte do ritual, apenas me coloquei como alvo. Era arriscado demais, os demais poderiam não suportar, decidi arcar com os riscos sozinho, era a melhor forma de garantir que eles ficariam bem, mas... Ainda assim, não acho que um ritual ou encantamento funcionaria aqui

Ele apontava com o focinho para Iris

Simba: Ela disse se tratar de uma conexão... É algo que forçamos, mas é ainda assim voluntário, talvez a energia das linhas carreguem consigo algo determinante para sua utilização de modo tão profundo e único... Talvez...

Parou de falar bruscamente, estava olhando aos demais enquanto falava e seus olhos chegaram até Duraha. Eles não se conheciam, mas ainda estavam conectados pela teia de Belian, Simba sentiu a sua dor, a falta e vazio que estavam dentro dele, algo que muito fez o leonino lembrar de seu lar e de todos que ele sempre protegeu. Eram diferentes, sim, mas havia igualdade ali, e Simba sentiu isso, assim como viu a lágrima escorrer em seu rosto. Passou lentamente pelo lado de Trizan, caminhando até o caçador e se agachou em sua frente, para ficar na mesma altura um do outro, colocando sua mão direita sobre o ombro de Duraha

Simba: Eu não sei como, nem quando, mas... Não se preocupe, vai ficar tudo bem.

Simba explicou para Trizan que fora apenas o alvo do ritual, não o conjurador. Desta forma Trizan conseguia muito pouco, ele precisava de um procedimento, um ritual. Era como o mago funcionava e, acreditava Trizan, todo bom mago deve entender o procedimento, linha por linha.

- Dentro do nosso grupo temos todas as manas necessárias para manipular as linhas de força. A questão é se cada um de nós consegue se conectar às mesmas.

Sem que pudesse evitar, Trizan capturou o sentimento que Belian transferia a Íris. Como colega de guilda e mana ele se sentiu solidário ao metamorfo. O mago caminha em direção a Belian, era impossível não notar o estado precário do planinauta. Ao se aproximar, Trizan começa uma conversa telepática

“Crueldade. É apenas uma palavra que aqueles que não entendem a mana preta atribuem à mesma. Claro que muitas figuras vilificadas da história era manipuladores de mana negra, mas isso por que com esse poder…”

Com a palma de sua mão direita estendida, uma pequena esfera de luz negra surge em rotação poucos centímetros acima de sua palma. O brilho emanado era estranho, poderia ser descrito como “brilho escuro”.


“... também vem a sede por poder, a sede por ascensão. Sem remorsos ou máscaras. A mana negra é crua e exposta como ela realmente é. Nós podemos ver a beleza na individualidade, você mais do que qualquer um tenho certeza.”

A mão esquerda de Trizan agora projetava uma segunda esfera, mas dessa vez branca.

“Eu te digo isso, porque conheço bem o outro lado. Os grandes heróis são os portadores da mana branca, eles dizem. Bom, eu também diria que os vilões dessa cor estão por toda parte, mas vestem uma máscara de justiça e religião. Eu testemunhei a prisão de uma jovem garota por que ela aparentemente será uma grande ladra em alguns anos. Qualquer chance de redenção lhe foi negada. Somos nós os cruéis?”


Trizan estava agachado, olhando diretamente para o metamorfo, como se quisessem descobrir sua verdadeira forma.

“Nós temos sede por algo, e prezamos nossa identidade. Para muitos, em especial os adoradores de plantas do conclave, apenas desviar da massa em comunhão é um ato de rebeldia e impureza. Mas eu e você. Nós queremos forjar nossa própria identidade, e a mana negra é o combustível para tal.”

Trizan movia as duas mãos em direção uma à outra, as esferas flutuavam acompanhando o gesto.

“Pessoalmente, eu gosto de ver como uma ponte”

As duas esferas se fundem e passam a brilhar na cor azul.

“Mais do que um simples espião, eu tento no senado promover um equilíbrio entre a necessidade de uma estrutura rígida e a luta individual de cada pessoa em Ravnica querendo vencer o sistema.”

O brilho azul se dissipa ao passo que Trizan relaxava suas mãos.

“Talvez hoje você tenha que usar a fantasia de vilão. A vida é feita de concessões, hoje exclusivamente, nós temos que pensar no grupo e nessa cidade. Tenha em mente que eu provavelmente sou mais cruel que você”

Trizan finaliza com um sorriso malicioso.

Iris era uma pessoa viciante.Tinha um, talvez, inconsciente  costume que deixava aqueles que interagiam com ela com a sensação de satisfeitos mas que ao mesmo tempo ainda queriam mais ,como uma sereia de conhecimento, e não foi diferente com Belian.

"Iris: Não Belian Mutare, ainda que seja um assassino... você não é cruel!"

Um alivio imediato percorreu o corpo do metamorfo que sem perceber transmitia todas suas emoções e pensamento pela teia desde que chegou à Antiga Ravnica. Mutare tinha para si que a palavra cruel era demasiada maligna e o metamorfo tentava manter-se gentil apesar da natureza de sua profissão. Tirar a vida era uma consequência e entendia a preciosidade de mante-la, por várias vezes deixou de executar contratos Dimir ao entender que os problemas do contrato seriam resolvidos com sua ausência e sua vida única e espetacular preservada. Belian no entanto conhecia a crueldade de perto, sofreu-a nas ruas de Theros ainda pequeno e o que presenciava nos experimentos de sua mentora não passava longe. Belian não era naturalmente cruel ,de fato, sua ligação à mana preta era muito mais notável em relação a ambição mas ao encarar suas memórias não foi possível deixar de notar que a crueldade lhe seguia de perto e lhe era íntima. Quando mana negra estava em excesso em seu corpo seus estudos se tornavam cruéis como se Belian buscasse descontar em qualquer ser toda a crueldade que lhe assolava, que carregava. Biopsias que poderiam lhe dar o poder que sua ambição almejava tornavam-se dissecações sangrentas e a sangue frio e o metamorfo pode perceber que embora a crueldade não lhe fosse um atributo notório, está sempre caminhava a seu lado. Ora afetando o próprio ser, ora o moldando a sua vontade.

Todo esse sentimento ecoava pelas teias, a mente de Belian estava como um livro aberto à quem quisesse presenciar o que foi nascer com a maldição de poder possuir qualquer identidade mas nunca encontrar a sua.

Belian sentia-se agora com uma dualidade equilibrada entre a mana azul e preta mas não sentia em nenhum momento que poderia tocar o aspecto da diplomacia tão profundamente quanto Trizan e tinha medo e aversão ao aspecto da crueldade e por fim decidiu fazer uma ultima rodada de perguntas à vidente que lhe intrigava tanto.

- Não pude deixar de sentir um alivio ao ouvir sua resposta Iris. Entretanto apesar de não ser cruel eu sinto o toque da crueldade em minha existência, como uma companhia diabólica que me segue mesmo que eu não goste, da qual não consigo me livrar. O que me resta é abraça-la? Ser uma prisão para esse aspecto tão cruel?  É algo que não sou mas preciso me tornar para salvar esse plano e tantas preciosas vidas? Não consigo me ver mais merecedor do aspecto da Diplomacia do que Trizan mas me sinto ao meio do caminho para as duas linhas de força. É possível tentar alcançar ambas as linhas ou somente com a dedicação total pode-se toca-la? Passei tanto tempo observado os outros, nobre criomante que não consigo encontrar mais a mim mesmo. Em suas visões qual a mana arde mais forte em minha veia? Qual das peças me cabe ao tabuleiro? A peça que negocia os movimentos no centro do tabuleiro e arquiteta como o jogo é jogado desempenhando múltiplas funções ou a peça que sacrifica para alcançar o fim do tabuleiro e transforma-se naquilo que mais é necessário naquele momento? Essas escolhas estão fixas em suas visões? Eu estou pronto para abraçar o que quer que seja necessário para salvar esse plano e fazer Vento Cinzento e seu mestre fracassarem. - Belian estava assustado e confuso como há muito não sentia, suas falas soavam como súplicas na esperança de uma luz, uma mentoria visto que os seus mentores há muito estavam afastados. Poucos conseguiriam acreditar que aquela criatura confiante e versátil do começo do dia  parecia agora tão pequena e frágil.

Antes a sede de respostas teria feito Belian agir de maneira irracional mas estava em paz agora, paciente e enquanto aguardava a respostas da criomante decidiu prestar atenção àqueles com quem dividiria seus últimos momentos. Era um laço curto, sem dúvidas, mas mais forte que a maioria dos laços que se forma ao longo da vida. Em sua teia consegue sentir a dor do luto novamente, da saudade, da aceitação, o fulgor da mana vermelha incendiando cada canal da teia. Belian sentiu saudade profunda de um ser que nunca conheceu e incontrolavelmente chorou.

Belian então escuta a voz esperançosa e estratégica daquele que o metamorfo acreditava ser o seu algoz: Simba. Já não sentia mais ódio ou medo dele, na verdade agora se sentia bem com a esperança que ele passava, era alguém para se agarrar.

- Mas o que nos faz entrar em contato com aquele aspecto, Simba? Ações, sentimento, contato com a fonte? Duraha parece um turbilhão de mana vermelha em minhas teias, talvez seja o caminho. O que acha?

Ah e antes que eu me esqueça... sei que não é a mesma coisa mas...seu pai..há uma versão dele, acredito, num plano chamado SONHAR. Está em um mausoléu, morto, mas nesse plano nada é eterno. Você encontrará um caminho tenho certeza. Que essa possa ser a paz que precisa. Não começamos bem mas não vejo mais motivo para falta de gentileza entre adversários quando um deles está tão próximo ao fim. - O metamorfo tentava ajudar a arquitetar o ultimo plano que participaria e era possível notar um tom de despedida em sua fala. Apesar do desejo gentil de Belian em apontar uma das versões de Raksha a informação poderia também ser cruel ao coloca-lo numa busca de um plano que talvez ele nunca pudesse alcançar.

Trizan então se aproxima e suas palavras repletas de astúcia e malícia enublavam mais os pensamentos de Belian enquanto também eram convincentes o suficientes para fazer com que Belian aceitasse a crueldade que temia. Parecia o certo apesar não acreditar e isso aos olhos de Belian colocavam o senador no meio do caminho para as duas forças também

- Fala com a propriedade de que só os adeptos da mana preta poderiam ter para falar de tal e com a astucia que só os natos da mana azul conseguiriam, senador. Estou convencido de suas palavras apesar de não ser o caminho que mais me agrada, mas já andei por tantos planos em que não era bem vindo...Que mal faria uma última caminhada, certo? Mas...Trizan...E se ao me fazer tentar acessar o aspecto que ainda não possuo da mana negra você trilhe seu caminho para a própria crueldade e eu acabe seguindo para o caminho da diplomacia por aceitar uma barganha infeliz em troca de um objetivo em comum? Estaria tudo bem para você? Eu já tenho um plano traçado para cada uma das linhas, serão caminhos diferentes que me levarão ao mesmo destino. Ficaria confortável em saber se as duas faces de nossa guilda podem te acolher sem ressentimentos.

A mente de Belian então reflete e comanda um processo biológico em cada uma de suas células. Aqueles que quisessem observar a preparação dos planos de Belian o veriam em sua mente vestindo seu manto Dimir enquanto cuidadosa e gentilmente extraia de seu corpo a essência de cada uma de suas formas conquistadas, as depositando em esporos á sua frente


O metamorfo em meio aos preparos ainda inquietava-se com algo. Teiven parecia calado demais..

- Tem uma cobra na sua bota, gigante? - e apesar de tudo que viveu naquela realidade paralela o metamorfo sorriu. Estava ciente de suas obrigações.

O leonino estava agachado próximo ao caçador, notou a pequena e rápida resistência de sua parte em ser acolhido, mas talvez aqueles fossem os olhos da alma. Simba se aproximou para levar conforto ao seu aliado, pois sentia sua tristeza, mas o conforto maior talvez tivesse vindo dele com aquelas palavras; O filhote o observava, se passou um único segundo, mas seus olhos e sua mente estavam distantes

Simba: Eu... Eu...

Ele buscava uma resposta, mas não conseguia por qualquer palavra para fora, o questionamento sobre "estar bem" era algo tão próximo ao leonino, mas ao mesmo tempo tão distante. Não conseguia se recordar em suas memórias a última vez em que alguém lhe perguntou sobre seu estado ou lhe deu algum conselho tão profundo sobre pensar em si

Simba: ... não sei como lhe responder, homem... - Sussurrou introspectivo

Não por uma, nem duas ou três vezes; Por toda a sua vida o leonino sempre abriu mão de quaisquer ganhos que pudesse ter para garantir que os que estavam a sua volta estariam bem, assumiu o posto de líder da resistência contra a praga quando ninguém mais o quis - nem mesmo ele -, fazendo-o porque sabia que era necessário; Uniu indivíduos que no passado apenas lutariam entre si; Passou noites e dias em vigilia para que outros pudessem ter o mínimo direito ao sono e momento de paz; Se ofereceu como tributo a um dos generais inimigos para poupar a vida dos outros e até mesmo quando chegou neste mundo desconhecido ele arriscou-se para salvar a vida de uma soldado do local, optando inclusive por lutar uma guerra que desconhecia para salvar um mundo que não era o dele e mesmo assim ele não conseguia se recordar de quando alguém lhe estendeu a mão ou lhe deu um abraço, mas ainda assim, ele não iria parar

Belian: Ah e antes que eu me esqueça {...}

Seu coração pulsou mais forte outra vez, ele não sabia o que era exatamente o sonhar, tão pouco sabia como uma outra versão de seu pai poderia estar lá, o fato é que Simba definitivamente não entendia a mente de Belian, mas ele podia sentir o que ele sentia - assim como todos os outros. Se levantou, observando o caçador de pé e discursando com cada um ali. Se aproximou de Belian, com uma espécie de sorriso no rosto

Simba: Não sei o que pretende fazer, mas sinto, então pare, sonhador, não estamos em lados opostos aqui, somos uma unidade apenas e lutaremos juntos até o fim... Certo? - Ele estendeu sua mão para Belian, em acordo - Lutarei até o fim por este mundo a qual não pertenço, lutarei por vocês, pelas pessoas que vocês amam e até pelas que desconhecem, estaremos juntos até o fim e traremos a paz para este mundo.

Seus olhos se voltaram para Duraha, que terminava seu discurso, mas sussurrou apenas aos ouvidos de Belian

Simba: E tudo ficará bem, eu prometo.

Sorria, motivado pelas palavras de um desconhecido, que lhe fizeram entender que para salvar aos outros, é preciso salvar a própria alma

Um manto azul translúcido e formas indistintas e fantasmagóricas. Era essa a visão de Lobo Cinzento agora. O planinauta em pleno poder canalizado olhava curioso para o cenário à sua frente, de uma hora para outra seus oponentes haviam desaparecido no ar. Ele farejava e olhava atento, seria algum ardil de invisibilidade?


Vento Cinzento: Bastardos desgraçados!

Ele tateava em vão, por ora via uma silhueta do caçador, em outras vezes o mago aparecia em uma forma fantasmagórica, e até o gigante o lobisomem jurou enxergar. Onde estariam?

...

Do outro lado do véu, os aventureiros aproveitavam a pausa do combate para tecerem suas estratégias e se conhecerem, tanto entre si, como em seus próprios âmagos. Iris iniciou o debate, aproveitando para compartilhar o que sabia e o que havia vislumbrado em suas visões. Simba foi o primeiro a dar sua opinião, seguido do senador Trizan.

Iris: Controlar a linha significa tornar-se ligado a ela, a linha não permite que você a domine, mas ela compartilha seu poder...

A voz da criomante parecia cada vez mais fria e distante, até rouca. Próximo dela, Duraha resmungava e então parecia compreender a essência das linhas, em seu subconsciente sua fera anterior o abocanhara, numa explosão de mana ele cai de joelhos aos prantos. Notaria após alguns instantes, que duas linhas oblíquas de vermelho energético intenso passavam por debaixo de si, num xis, e o aceitavam com uma aura de um sabujo infernal que, surpreendentemente, só ele "enxergava".


Belian, aproveitando que seu corpo agora não era de grande valia, propunha-se a usar a mente para entender e desvendar o mistério das linhas de força. A conversa com Iris dera resultado, e o metamorfo percebeu que talvez seu papel no plano não era tão claro como suspeitara, a planinauta então volta-se para Simba.

Iris: Magia é possível em todo lugar que o mana existe...

De fato agora a azorius parecia um pouco mais velha, seu semblante mais sisudo e com um olhar estranhamente no horizonte, como se olhasse por entre todos do grupo. Trizan então interfere na conversa, demonstrando seu conhecimento arcano profundo em relação às origens e relação do mana com cada indivíduo, era um mago de fato poderoso. E um político ainda mais. O metamorfo então volta a descarrilar uma enxurrada de perguntas.

Iris: Todos temos fragmentos de todos os aspectos das cinco cores de mana em nossa essência... nosso nexo é formado disso... contudo, a prevalência de cada cor e aspecto define quem somos...

Ela então vagarosamente começava a mover as pontas dos dedos, e uma delicada capa e capuz branco de gelo cobre seu rosto caindo pelas costas.


Iris: Aceitar cada aspecto faz parte de nossas escolhas na existência... Mas você não pode optar por ser o que não é... Seu destino já está escrito...

Neste instante um grilhão de gelo azulado aparece no pulso direito de Iris, e começa a produzir elos de corrente partindo dele.

Iris: Existem muitos tabuleiros... e muitas peças...

O dimir parecia confuso, a mente de muitas formas não conseguia focar no objetivo correto. Duraha no entanto fervilhava, sem perceber que a linha da saudade alimentava continuamente sua reserva, ele expunha de forma natural o poder do sentimento, tocando todos na equipe, era uma encarnação do aspecto da mana vermelha. Aos poucos o caçador notaria-se estranho, quente, quase febril. Sentiria odores estranhos, cheiro de carniça, cheiro de cão molhado, cheiro de cimento, perfumes exóticos e o inconfundível cheiro se sangue. Suas narinas ardiam mas aproveitavam cada experiência. O mundo também pareceria barulhento ao ikoriano. Ouvia o pisar de grevas, o farfalhar de tecidos e os sons discretos da respiração de seus companheiros. Havia tornado-se um sabujo, um perdigueiro ao seu modo, não podia ver, mas sabia com detalhes quem ou o que estava a seu redor. Era um caçador cego, com uma presa já escolhida.


Iris voltava ao assunto com Belian.

Iris: Nada adianta uma peça de dama no tabuleiro de xadrez...

O grilhões de gelo então terminam seu caminho atando-se a um grande livro antigo aos pés de Iris, que aparecera como se sempre estivesse ali, ela agacha-se com dificuldade pelos ferimentos nas pernas para apanhá-lo debaixo do braço.

Iris: Da mesma forma, não adianta o cavalo tentar o papel do bispo... não será bem sucedido... tudo tem seu lugar no destino...

Num canto pouco mais afastado, Teiven refletia sobre o que vivia, tão diferente era dos conflitos simples com socos e dentes quebrados. Fora arrancado a força da batalha por um tipo de mágica que com certeza julgava ser dos covardes, mas sabia que a situação exigia e sentiu o chamado. Entendeu que existem vários tipos de força, e não somente aquela bruta e física, mas a mental, representada pela sobrevivência, pela selvageria e pela naturalidade. Utilizando de sua reserva, o gruul imbuira seus músculos com o mana verde, tornando-se uma máquina esverdeada. A seus pés, ele poderia enxergar a convergência em x das linhas verdes da força, que emanava gavinhas no corpo do gigante.


Não sentia mais dor, o efeito do veneno parecia cócegas agora, ele não tinha medo, estava maior e e mais resistente. Sua pele encouraçada como uma armadura e seus punhos rígidos como marretas.

Iris: É chegada a hora preparem-se...

Da mesma forma repentina que chegou, o véu da magia de Trizan cessou, estavam de volta. Vento Cinzento olhou na direção de todos furioso. As linhas vermelha e verde pulsavam em Duraha e Teiven, diminuindo a carga das mesmas ao obelisco, a oscilação foi tênue, o lobisomem ainda canalizava boa parte das forças para si.

Vento Cinzento: Não sei o que fizeram... mas morrerão da mesma forma! Hihihihahaha!

O lobo afrontou, mas sua voz não tinha a mesma confiança total de antes, observava aflito o caçador e o gigante. Mas não deixou de notar que o mago, o metamorfo, o leão e a criomante ainda estavam ali. Precisava derrotá-los e logo, já sentia uma pontada latejar em sua mente, Nicol Bolas era um mestre dos detalhes, e com certeza notou a mana sendo desviada.


Vento Cinzento: Morram vermes!!!

Ele então novamente assumiu a forma em borrão, mas desta vez conforme iniciou sua trajetória, parou e agachou no chão com as patas apertando sua cabeça, ele gasnava, as tatuagens negras em sua pelagem brilhavam em um tom dourado intenso, cheiro de pelo queimado impregnaria a cena.

Vento Cinzento: Arghhhhh! E-estou fazendo como ordena! Arhhhhg!!

Levantando com dificuldade o lobo ainda pressiona a cabeça com as patas.

Vento Cinzento: O o-obelisco está íntegro! P-pare!! Arrrgh!!!


Sangue escorria dos olhos e narina do lobisomem, que estava agora muito mais furioso e cruel do que outrora.

Vento Cinzento: Vocês vão me pagar!!!!

Ele então estica um dos braços a frente do corpo, e sua aura dourada se amplifica, e se molda na forma de seis lobos atrozes, do tamanho de elefantes.


Alcatéia: Auuuuuu!! Auuuuu!!!

Eles então partem com velocidade, galgando entre os destroços, cada um atacaria um alvo, visando dilacerar com suas potentes presas qualquer parte que pudessem abocanhar.

"ela compartilha seu poder..."

"contudo, a prevalência de cada cor e aspecto define quem somos..."

"Aceitar cada aspecto faz parte de nossas escolhas na existência... Mas você não pode optar por ser o que não é... Seu destino já está escrito..."

"Da mesma forma, não adianta o cavalo tentar o papel do bispo... não será bem sucedido... tudo tem seu lugar no destino..."

As frases de Iris eram charadas, enigmáticas  como o destino deveria ser evitando o paradoxo de ser a causa de si mesmo. O Destino apenas era e isso bastava, no entanto algumas frases de Iris eram recorrentes nos céus da mente de Belian e elas lhe pareciam uma ajuda velada e tinham um tom nostálgico, amigável, quase  fraternal. Cada vez que essas frases retornavam, os trejeitos de Iris pareciam mais e mais com os de uma velha amiga e cada nuance de seus discursos pareciam querer lhe dizer que o aspecto compartilhado entre Belian e uma das presentes linhas de força era o da diplomacia. O metamorfo desejava ficar naquele êxtase temporal mais alguns momentos mas o retorno era breve e precisava estar preparado.

- Jeska sabe que eu mataria por uma espiada em punhado de páginas desse livro - Belian ri sutilmente  - E eu bem sei que ela me mataria só por tentar...

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O retorno a realidade era incomodo, as feridas voltavam a doer e o cheiro de morte invadia as narinas do perpetuo onírico mas dessa vez ele conseguia ignorar esses fatos. Era a mente sobre matéria. À sua frente era possível ver agora uma matilha de lobos tão grandes quanto mamutes e um deles fitava Mutare com olhos de morte, sua investida começa com um impulso forte que chacoalha a megalópole, sua bocarra babava ódio e tinha como objetivo por um fim prematuro ao metamorfo. Belian desejava realizar um truque de mãos se as tivesse funcionais, sentiu então a mana azul percorrer seu corpo quebrado, não sabia se originava do próprio Belian ou se era doado pela teia mas o mais importante é que ela vinha ao encontro do metamorfo nos momentos mais cruciais. A mana azul tomou conta de Belian bem como de seu casulo e então teia e metamorfo se tornaram incorpóreos momentaneamente assumindo a forma fantasma. A besta passa vorazmente pelo metamorfo e não encontra nada para saborear em sua boca.

Belian precisava agora executar seu plano e o primeiro passo era simples: Ponderar.

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Em sua mente uma mesa retangular de extensão ilimitada era preparada cuidadosamente por Belian, alguns lugares possuíam em sua frente pratos com carne crua, outros um punhado de vegetais, outros peixes, outros moléculas pequenas demais para serem visíveis a olho nu mas apenas o lugar solitário na extremidade visível da mesa não possuía pratos apesar da cadeira desse assento ser adornada como um local reservado para uma presença ilustre. O metamorfo aguarda em pé ao lado da cadeira adornada, aos poucos a atmosfera do local torna-se ligeiramente mais fria, refrescante como gotas de agua que tocam um corpo quente em dia de calor. Um borrão azul vívido flutua até a cadeira ornada, sua presença traz a sensação de liberdade e ao mesmo tempo intimidação como se estivesse lhe julgando. Belian evita olhar para a forma azulada

??? - Um livro de entrada teria sido de bom gosto...Pondere

Aquela voz era muitíssimo conhecida pelo metamorfo, aquela era a voz que Belian ouvia enquanto pensava, a voz que lhe dava prudência antes de cada ação, a voz que pesava todos os lados antes de revelar a melhor opção.

- Inicialmente pensei não ser merecedor de compartilhar o poder do aspecto diplomático, minha primeira mentora era uma incrível dominadora da mana preta afinal. Por que então a mana azul me aceitaria, certo?

??? - Prossiga...

- A mana azul não aceita o destino ou o status quo do mundo ao seu redor, ela tenta a todo custo transforma-lo, criar aquilo que não existe, moldar o mundo a sua necessidade. Para a mana azul o mundo é uma tela branca pronta para ser pintada e moldada. E o que são os metamorfos senão a tela branca dos seres vivos? Começamos livres de identidade e forma e nos moldamos de acordo com nossos sonhos e vontades. Dobramos a realidade a nossa genialidade limitados apenas ao nosso conhecimento. Os metamorfos são então uma morada ideal e natural para que a mana azul flua e altere o mundo à seus desejos.

??? -  A perfeição pelo conhecimento...Sagaz como deve ser.

- Mas a mana azul assim como os metamorfos possui muitas faces e formas, características essas que nem sei se um dia conhecerei em sua totalidade. Sei da existência de uma dessas faces no entanto, a face da diplomacia que coincidentemente é a face que corre na linha de força abaixo de onde meu corpo físico se encontra em Ravnica. Julguei que essa face não me era próxima ou tão próxima de mim quanto era de Trizan mas deixe-me apresentar alguns fatos que notei após uma busca frenética em minhas memórias... A diplomacia da-se pela negociação, a conciliação dos lados envolvidos, o meio termo encontrado para que os interesses das partes sejam atendidos, a diplomacia também é ceder, é conquistar aos poucos com acordos menores até que tenha-se conquistado o todo sem uma única luta travada. A diplomacia é evitar conflitos, é resolver conflitos, é ocultar intenções atrás de ações amigáveis, a diplomacia muda o seu entorno com o aceite do todo. A diplomacia causa a ilusão de que a vontade não foi imposta mesmo que ela ainda se faça presente...

??? - Estou familiarizado com o conceito...

- Ainda pequeno minha aparência incomum me tornou alvo de ataques em minha terra natal, meu coração jovem implorava para que eu conquistasse meu espaço do jeito que sou e que desse fim àqueles que não me aceitavam...mas sua voz em minha cabeça me mostrou que era mais prudente ceder um pouco e mudar minha aparência para uma forma mais palatável àquele povo atrasado. Eu cedi, eu negociei, eu conquistei meu espaço, eu sobrevivi e eu existi entre os que me odiavam sem resistência, fui diplomático. Quando vim à Ravnica eu tive contratos para extinguir vidas que eu julgava ainda terem muito conhecimento a passar, eu não retirei essas vidas...Eu corri riscos, negociei, escondi minhas intenções , conquistei, meus acordos me renderam ligações que aumentavam cada vez mais minhas influencias me levando muito mais longe do que teria chegado se tivesse me imposto pelo poder, fui diplomático. Eu sou Belian Mutare, eu evito conflitos sempre que possível, eu imponho minha presença através de acordos, eu cedo onde posso para aumentar minha dominância nos pontos que importam, eu cresço, eu me adapto e eu sobrevivo assim como cada um de meus acordos. Agora eu consigo ver, quando mais importa eu não sou nada além de diplomático. Toda minha existência é um acordo constante com o ambiente ao meu redor e eu me adapto as novas clausulas enquanto continuo presente! 

Belian então resolve encarar a forma azulada e dessa vez há um rosto.

Tabula Rasa da Diplomacia - Depois de tantos anos finalmente consegue perceber a minha face. Não espero no entanto que acredite que só porque conseguiu enxergar o palmo a frente de seu rosto será beneficiado com o compartilhamento do meu poder...

- De forma alguma...Tenho uma proposta...

Nos outros assentos da mesa então surgem cada uma das milhares de forma e rostos que Belian conseguiu adquirir com os anos. Elas deleitavam-se em seus pratos sem dar ouvidos a conversa.

- Lhe ofereço uma oportunidade única...leve todas as minhas formas adicionais para o fluxo azul que rege o plano, incluindo as formas dos seres extintos e que só existem em outros planos. Cada um desses esporos contem a essência e conhecimento de cada pequeno detalhe de cada uma dessas formas a sua frente. Além de conhecimento e a possibilidade de mudar a realidade do plano com ele, eu mesmo volto a ser uma tela branca pronto ser moldado pelo fluxo azul novamente. O que me diz?

Tabula Rasa da Diplomacia - Está disposto mesmo a ofertar tudo isso?

- Quando as necessidades são grandes...Eu cedo e eu continuo presente.

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Três segundos se passaram desde a forma fantasmagórica evitar o ataque da besta atroz mas o dialogo na mente de Belian pareceu durar milênios la dentro. O casulo então se rompe jogando ao vento esporos que se tornam mana azul ao contato com ar e Belian eclode vestindo seu manto negro Dimir, seu corpo ainda parecia danificado mas estava mais leve e nenhum rosto ou forma parecia existir nele ao contrário do que mostrava durante o feitiço temporal de Trizan. Uma gigante aura azul parecia envolve-lo.

- Sinto seu sofrimento Vento Cinzento...partilhe-o comigo...posso ajuda-lo. EU VIM BARGANHAR! - Belian estendia a mão em direção a Vento Cinzento

E atravessando o mesmo véu azulado que os levou, eles retornaram para Ravnica; Estavam juntos de verdade dessa vez, entendiam o propósito cada um a sua maneira, conseguiam ver as vertentes do destino, mas acima disso, sabiam o que precisava ser feito - alguns apenas não sabiam como. Vento cinzento os aguardava, estava próximo do obelisco e, estranhamente, pareceu sentir dores e falar com alguém que não estava ali, parecia estar sendo punido

Simba: Mago, ele parece ter um encanto em seu corpo que afeta seus pensamentos, elas parecem ser a forma com que o suposto Nicol Bolas tem a lealdade dele... Talvez, se você conseguir quebrar este vínculo, possamos ganhar um aliado, a mente e o encanto talvez estejam fragilizadas depois disso...

Falou para Trizan observando aos outros presentes. O cinzento novamente se beneficiava da energia do obelisco, utilizou grande poder para invocar grandes feras para atacar aos membros daquela resistência e um a um, cada um deles iniciavam seus movimentos para se proteger; Simba rosnou, mostrando suas presas e posicionando suas garras para frente enquanto observava o lobo atroz vir em sua direção, mas segundos antes dele saltar, uma lança o parou

Duraha: {...} Se quer me ajudar, ajude a si mesmo antes! {...}

A ferocidade antes vista cessou no mesmo instante, o leonino olhava confuso para o caçador, ele conseguia compreender o teor das palavras, mas não conseguia entender o que elas significavam verdadeiramente na prática; Seus braços desceram enquanto ele olhava perdido e vagava em pensamentos, ele buscava razão naquilo, mas era dificil até pra ele, afinal de contas a última pessoa que Simba sempre se preocupou foi consigo mesmo, ele sempre buscou alguma racionalidade em meio ao caos para garantir o bem estar do outro, mas nunca de si mesmo

Pensamento: O que devo fazer, pai?

Olhou rapidamente aos céus, buscando alguma orientação, tudo que viu foram estrelas em um vazio infinito que ele jamais pôde conhecer; Fechou seus olhos e caiu de joelhos ao chão, com os braços abertos, deixando toda a raiva de lado, toda a responsabilidade, toda a cobrança que tinha consigo mesmo, deixou tudo de lado, permitindo-se apenas ser um caminho, um fluxo; Pela primeira vez na vida, ele deixou tudo de lado e abraçou-se apenas em sua fé, em uma orientação espiritual que sempre almejou - e por um instante sentiu-se olhado por seres que talvez fossem seus ancestrais - e dessa vez, como uma criança - ou um filhote - era ela quem precisava ser protegido desta vez

Era um dia como qualquer outro em Ravnica. O barulho intenso do movimentado décimo distrito ecoava pelas ruas de Ravnica. Trizan andava pelo primeiro precinto sem muita direção, tinha diversos artigos pendentes no senado, o que não era sua atividade favorita, então uma caminhada na cidade parecia ser uma boa ideia.

Enquanto percorria a praça do décimo distrito, o senador avista dois soldados Azorius acompanhados de uma jovem garota em detenção. Apesar das vestes gastas e imundas, a menina era atraente, tinha cabelos longos avermelhados, pele clara, e olhos profundos, acinzentados.

“Isso é… perfeito” - Pensou Trizan

O mago acelera o passo para alcançar os soldados.

- Companheiros!  Essa deve ser a delinquente que estou procurando… - Trizan pausava por um instante, tentando ler a mente de um dos soldados - uma ladra que estava furtando clientes em Vizkopa! O sindicato não está nada feliz com isso! Em pleno primeiro precinto? Eu devo lidar com essa aberração diplomática pessoalmente!

Os soldados trocaram olhares confusos, um deles abriu a boca como se fosse manifestar descontentamento, porém com hesitação desistiu. Com um aceno, o soldado transferia o controle do encantamento de detenção para Trizan. O senador faz um gesto com a mão e o triângulo mágico azulado que atava as mãos da garota brilhava em resposta.

- Muito obrigado pelo seu serviço, estão dispensados - Dizia Trizan resumindo seu passo em direção à rua do estanho.

À medida que se aproximavam do sexto precinto a garota finalmente se manifesta

- Esse não é o caminho para Nova Prahv ou qualquer prisão. Passamos Orzhova a muito tempo.

- Estou ciente - respondeu Trizan seco

Finalmente, eles entram em uma construção que lembrava uma fábrica: era o clube da sangria.


A dupla atraiu olhares curiosos dos estranhos frequentadores do local. Porém, com pressa Trizan se afasta do centro das atenções, partindo em direção a um longo lance de escadas em direção ao submundo da cidade. Por fim, virando em uma viela escura, eles chegam a uma masmorra que parecia abandonada.

- Finalmente - Uma voz grave ecoou pela câmara - Trevor, meu cliente favorito

Nesse momento a garota, que até então mantinha uma expressão indiferente, claramente mostrava medo. Ter medo era certamente sábio naquele momento.

- O que está acontecendo? Onde você me trouxe?? - Dizia a menina com a voz trêmula.

- Kalfesh, demorou um tempo, mas acho que tenho algo que você deve se interessar.

Com um gesto de Trizan, a retenção da garota a empurra à frente do mago, ela caia de joelhos.

Das sombras uma criatura emerge, sua face maliciosa emitia terror.


- Hmm

O demônio aproximava-se da garota, com seus dedos nefastos ele examinava os dentes da mesma. A garota visivelmente chorava nesse instante.

- Eu acho que você me leu bem dessa vez, Trevor - diz Kalfesh

- É minha profissão - replicou Trizan

- Muito bem, aqui está - O demônio magicamente invoca uma pilha de pergaminhos enrolados, amarrados por uma série de barbantes. Trizan os agarra com vivacidade.

- Esses rituais estão muito além da sua forma humana, você brinca com o que não entende - alertou o demônio

Antes que pudesse retrucar, a garota exclama

- Você não pode fazer isso, você não é um mago-de-lei? O que essa coisa quer comigo, eu…

Trizan interrompeu

- Ah, por favor querida, você estava roubando em Vizkopa! O sindicato não perdoa facilmente, você tem ideia de que punição iria receber? Não farão nada com você aqui que certos soldados não fariam também na calada da noite. Pelo menos aqui você tem mais… - Trizan pausava por um instante, vislumbrando sua próxima palavra - Pirotecnia?

O senador vira-se com o intuito de se retirar. A garota continua a gritar em desespero, soluçando audivelmente. Kalfesh ria como uma criança prestes a comer sobremesa.

- Ok, Ok, Ok! Você venceu, vou te ajudar. Pff e depois falam que não sou um bom samaritano. Eu deveria me filiar ao conclave de uma vez!

Triza aproxima-se da garota que em silêncio olhava para ele com os olhos encharcados. O mago toca a testa da menina e pressionando-a por alguns segundos. Em seguida, abruptamente, Trizan puxa sua mão e diversos fetiches azulados saem em sincronia, como se Trizan estivesse puxando-os de dentro da garota.


A garota agora tinha uma expressão neutra, indiferente. Trizan havia removido todas suas memórias até ali. Sua vida começou agora. Notando o que havia sido feito Kalfesh exclama

- Você tem uma moral estranha para um Azorius

- Meu caro, nós dois sabemos que moral é uma invenção da panfletagem Boros.

O véu azul caia. Os planinautas retornavam à Ravnica atual, tomada por guerra e caos. As memórias de Trizan estavam embaralhadas, a criação do véu foi particularmente pesada para ele. O fato de sua lembrança de Kalfesh ter voltado tão viva parecia mais do que uma coincidência.

Vento Cinzento, também, parecia confuso, talvez até mesmo enfraquecido. Um novo fluxo de mana podia ser percebido ao redor. Verde convergindo para Teiven e Vermelho convergindo em Duraha; eles haviam se conectado com as linhas de força.

Simba começa a sugerir um plano para Trizan. Toda aquela história de redenção e ganhar um aliado dava Trizan ânsia de vômito.

- Eu prefiro não disputar poder mental com o dragão... Além do que - Trizan olhava para seus braços de etherium - Eu prefiro vê-lo morto.

Com sua atenção agora em Belian, Trizan percebia que o metamorfo tinha um plano diferente do que ele esperava.

- Pff… Esperava mais de você. Fraco, te falta ódio - Dizia Trizan à Belian

Diante da situação Trizan sabia o que fazer.

“Vão se arrepender…”

Antes que pudesse estudar mais o novo cenário, Vento Cinzento conjurou gigantescos lobos que partiam em direção ao grupo. Trizan com os olhos fechados concentrava-se na mana negra ao seu redor. Quando os lobos estavam próximos, Trizan agarra Íris e desaparece com a mesma em uma névoa negra.


Alguns metros à frente, equidistante ao grupo e Vento Cinzento. A sombra se materializa novamente revelando a dupla Azorius. Os dois se encontravam no centro de uma circunferência que emanava uma estranha aura roxa. O fluxo de mana negra parecia intenso.


Trizan estava atrás de Íris, em sua mão uma adaga feita de mana negra havia sido conjurada.


Trizan segurava a adaga contra a garganta de Íris. Seus olhos brilhavam intensamente num tom roxo. Com uma voz rouca ele começa seu discurso

- Minha doce Íris, eu tenho a impressão que o papel de cada um aqui é claro. No entanto, sua serventia agora é questionável.

Trizan ria de forma sinistra como uma hiena.

- Acontece que, eu tenho uma proposta. Você quer salvar esse plano não? Eu não preciso de linha de força. Uma jovem poderosa e bela como você é um banquete para a escuridão. A quantidade de poder que eu posso extrair da sua carne, ossos e sangue... É suficiente para obliterar aquele lobo. Temos que fazer qualquer coisa para vencer, não?

Sua mão esquerda tocava a nuca da Azorius com delicadeza, seus dedos eram frios como o de um cadáver.

- E convenhamos, um membro Azorius com tantas informações sobre mim? Estávamos destinados ao conflito, você já sabia disso minha querida…

O leonino mantinha-se no chão, seus olhos estavam fechados, mas ele sentia as vibrações dos pesados passos do lobo que se direcionava até ele; Sua respiração estava pacifica, ele estava calmo e essa calmaria parecia deixar as coisas fluírem num ritmo totalmente incomum; Aquilo era paz? Ele abriu seus olhos, estava num lugar diferente, onde tudo era apenas luz e, em sua frente, havia uma figura semelhante a ele

???: O que tanto busca, filhote?

Simba: Quem é você? Onde estamos?

O mirraniano olhava para o igual a sua frente com ar de confusão

???: São muitas perguntas. Pode responder a minha primeiro?

Simba: Estou em busca de paz... Há um conflito, ou melhor, há muitos conflitos que preciso lidar e não consigo decidir como fazer... Um recém conhecido me disse para buscar esta paz, mas... Eu não consigo sentir diferença do agora para o antes...

???: Então apenas está buscando algo que já tem?

Simba: Não sei exatamente se tenho... Há muitas vidas envolvidas nisso tudo e eu sinto não posso salvar a todas, talvez isso esteja me consumindo e tirando a paz de mim, estou em eterno conflito comigo mesmo, eu acho.

???: Mas como você se sente de verdade? Você fala sobre salvar vidas com certa convicção, isso não lhe faz bem?

Simba: Eu... Acho que sim...

???: Então talvez você já tenha encontrado sua paz, talvez ela venha através de sua luta, de seu amor ao próximo... - O leonino desconhecido se aproximava e colocava a mão sobre o ombro de Simba - Não se pode salvar a todos, mas isso não quer dizer que não devamos tentar, tão pouco que isso não irá trazer nossa paz... Agora vá, ainda existem pessoas que precisam de você, meu filho.

Simba então abria novamente seus olhos, seu coração batia forte e o enorme lobo estava em sua frente, mas a sua verdadeira atenção foi voltada para algo atrás, ele pôde ver o mago colocar a lâmina no pescoço da maga gélida e ouviu cada uma de suas palavras. Sempre há uma forma de salvar vidas. Simba saltou rolando por debaixo do lobo numa agilidade extremamente maior do que a demonstrada antes - Seria a falta do metal em seu corpo ou a necessidade da ação? - e logo após o rolamento ele saltou na direção de Iris, estendendo sua mão a fim e segurar o antebraço da planinauta

Pensamento: Sua vida precisa ser poupada, Iris, apenas não esqueça de meu lar... Salve Mirrodin.

Tentou enviar a uma mensagem acreditando ainda estar conectado a ela através do elo anterior, enquanto simultaneamente fluiria através do toque energia branca, que transferiria para Simba todo e qualquer dano que viesse a ser causado na maga gélida, independente das consequências que aquilo geraria, ele estava realmente em paz

Pensamento: Obrigado, Pai...

O tempo estava se esgotando, Nicol Bolas recitava palavras num idioma antigo e desconhecido e exalando poder ancestral. O plano do dragão era perfeito: prendera os planinautas, os ceifava com seu exército de eternos, com as centelhas aumentava seu poder e alimentava seu mana utilizando as linhas de força de Ravnica. Mas algo incomodava o deus-dragão, havia trazido consigo um punhado de planinautas como lacaios, obviamente não confiava neles, e sabia que impor o pavor era uma necessidade constante, mas um deles o preocupava em especial: Vento Cinzento. O lobisomem era o responsável pela guarda e vigilância do obelisco ao extremo oeste da cidadela, e como todos de sua raça era inconstante, não era por menos que manteve Rhonas como auxílio e supervisão.


O dragão sentiu um desvio no fluxo de mana, era tênue, mais alguém compartilhava de sua fonte de mana. Poderia ser um problema futuro, ou atrapalhar seu grande plano. Nicol Bolas não era do tipo de corria riscos, precisava intervir.

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A alcateia de Vento Cinzento partia galgando com velocidade, as patas batiam com fúria no chão de escombros arremessando pedaços de detritos conforme avançavam. O primeiro alcança o metamorfo Belian em sua condição física precária, de certo não conseguiria se esquivar, as mandíbulas foram certeiras, mas mastigaram o ar.

Lobo: Whof?

Utilizando de sua perícia mágica, o dimir se transformou em fantasma fazendo com que o lobo seguisse tentando morder a forma etérea. Duraha seria o próximo, o caçador imbuído do poder vermelho da saudade liberou de si também uma fera. O canídeo negro rosnou enquanto se formava e exibia sua língua venenosa e ferina. O lobo mordera em cheio, mas logo recuou tossindo e cuspindo uma substância pegajosa e se retorcendo estava envenenado.


Lobo: Grof! Grof! Grof!

Um terceiro lobo, talvez o mais corajoso deles, ia na direção do poderoso gigante Teiven, ainda mais poderoso agora conectado à linha verde da força. Ele salta com velocidade, o gruul tenta apanhá-lo no ar, mas não era tão rápido quanto forte, e as presas da fera se enfiam na carne do planinauta.


Lobo: Grrrrr!!

Era a vez dos magos, Iris e Trizan estavam próximos e certamente não possuíam físico para enfrentar as feras. Mas o senador era ardil, e com um movimento rápido a mordida das feras não encontra nada a não ser fumaça, aonde teriam ido? O sexto animal por sua vez, ia de encontro ao leonino Simba, que com um agilidade incomum pelo seu novo peso, consegue uma esquiva incrível contra o ataque do lobo.

Vento Cinzento: Hahahahihihi! Tolos! Estão adiando o inevitável, Nicol Bolas sempre tem o que deseja!

A voz saia com escárnio, mas o tom de sofrimento era discernível na voz do lobisomem, seu sangue ainda manchava sua pelagem. O planinauta então tem sua atenção chamada, o metamorfo sobrevivera ao ataque do lobo, e emergia de seu casulo de teias como uma forma sombria.


Vento Cinzento: Você sabe o que é sofrimento? Eu nem comecei ainda! Auuuuuu!

Enquanto uivava, o planinauta virava seus olhos para Duraha.

Vento Cinzento: E quem será o justiceiro, você? Hahahaha! Não ache que esta pequena ligação vai lhe dar vantagem alguma!

O sabujo do caçador então abocanha o lobo em sofrimento, ambos começaram a rolar no entulho, entre tentavas de mordida e rosnados. O ikoriano por sua vez, começa a experimentar a extensão de seus novos poderes, e arremessa uma poderosa lança de raios na direção do lobisomem, que some em um borrão cinza com extrema velocidade, surgindo às costas de Duraha, ao passo que a mágica explode formando uma cratera pouco à frente do obelisco.

Vento Cinzento: Como eu disse, você está há muito de distância do meu poder! Hoje é seu dia de ser caça! Hihihihehehaha!

Ele então desfere uma potente patada, jogando Duraha contra as duas criaturas que mordiam-se, com um jogo de boliche macabro. Não longe dali, Teiven aproveitava da proximidade e com um potente soco, destruía a cabeça do lobo que abocanhara seu braço, numa explosão de sangue, carne e fragmentos de ossos.

Lobo: Caiiiin...

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Próximo dali, Trizan e Iris ressurgiam num resquício de mágica arroxeada, mas a posição era incomum. O senador empunhava uma afiada lâmina contra o pescoço da criomante, que se mantinha imóvel e com uma face de gelo.

Iris: Talvez devesse reconsiderar suas impressões senador Trevor, todos temos papéis importantes no grande tabuleiro do destino...

O dimir então dava uma gargalhada, Iris mantinha-se imóvel.

Iris: Meu objetivo é conduzir o destino há um rumo correto... Nem com uma dúzia de jovens bonitas você conseguiria derrotar Lobo Cizento e todo seu poder amplificado por Nicol Bolas e alimentado pelo obelisco senador... Suas palavras demonstram sua principal qualidade e vulnerabilidade...

Ela então levantava um pouco o queixo, como se vislumbrasse o céu acima.


Iris: Você não é cruel Trizan Trevor... esse aspecto do preto é baixo e inconsequente demais para você... muito pelo contrário... você é sim maquiavélico... é determinado e obstinado... exato... você faz o que é preciso pra atingir seus objetivos... não importando o preço...

Com um salto então, Simba aproxima-se e com sua pata segura a mão com a faca de Trizan, um observador atento veria um lance da linha de força branca tremeluzer abaixo do leonino, sem contudo tocá-lo.

Iris: Crueldade é o ato de promover dor e sofrimento... apenas por prazer sádico próprio... e mesmo pra você... isso é muito pouco...

A planinauta então faz uma sequencia rápida de movimentos com as mãos, e começa a recobrir seu corpo com uma fina camada de gelo.

Iris: Você é um melhor articulador político do que combatente senador Trevor... Tal como Simba é um melhor mártir do que assassino...

Pouco atrás do trio, o lobo voltava a ganhar velocidade e ir na direção do leonino e do político.

Iris: Cada peça tem o seu papel fundamental... e deve exercer seu papel para o total cumprimento do destino...

O lobo então salva, visando abocanhar o flanco de Trizan.


Iris: Cada escolha é uma renúncia.... as peças todas estão no tabuleiro... mas nem todas em seu lugar... vocês sabem seus papéis... seja o herói Simba... seja o articulador Trevor...

Ela então "torna-se" completamente uma estátua de gelo.

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Após atacar Duraha, Vento Cinzento novamente se torna um borrão, ao passo que sua alcatéia começa a reagrupar-se, os dois lobos que tentaram abocanhar a dupla de magos uiva com fúria, e parte veloz na direção do gigante, queriam vingar seu irmão de bando.


Lobos: Auuuuu! Auuuuu!

Eles correriam juntos lado-a-lado, a poucos metros de Teiven, saltariam em direções opostas, cada um visando abocanhar uma das coxas do gruul com suas mandíbulas. Vento Cizento agora parava ao lado de Belian, dando passos lentos e com um aceno de mão parou o avanço de sua criatura.

Vento Cinzento: Não há como você barganhar... você não pode dar o que eu preciso!

Neste instante, um novo choque mental é desferido no lobisomem, que cai de joelhos na frente do dimir, seus olhos e narinas expelindo sangue, ele arfava.

Vento Cinzento: V-você n-não s-sabe... arf... o que é sofrer!

Ele então levantaria furioso, aproximando-se de sua criatura, e num rompante levanta o grande lobo acima de sua cabeça, seus pelos eriçados e emanando a poderosa aura dourada de poder concedido pelo obelisco.

Vento Cinzento: Eu sou Vento Cinzento! O terror dos vilarejos! Eu sou o medo! E sangue é a minha recompensa!

O lobisomem então dotado de grande força, rasga o lobo acima de si ao meio com grande violência, o sangue e estranhas caem sobre sua pelagem, enquanto ele ri.


Vento Cinzento: Hihihhehehahaha!

Parecendo em frenesi, ele parte para cima do metamorfo, o agarrando com as patas enormes.

Vento Cinzento: Acho que você precisa de mais ossos quebrados! Hihihehehaha!

A risada era gutural e quase insana, contrastada com ela, estariam os estalos dos ossos restantes do dimir sendo partidos.

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Após conjurar sua estátua gélida, Iris apareceria atrás de Trizan, ainda carregando seu pesado e mofado livro. Ele então se agacha discretamente, e toca os fiapos da teia ainda ao solo, e abre um contato telepático com Belian.

Iris: Diplomacia exige falsidade e política... metamorfos assumem formas reais... se infiltram e não negociam...

Ela com a mão dos grilhões deposita o livro ao solo, ele se abre.

Iris: Você não é diplomático Belian...

Iris então vasculha com a mão suas vestes e tira uma pena.

Iris: Seu problema foi esquecer-se de quem é... de seu lugar e propósito... do local que escolheu assumir... existem muitos tabuleiros... você já tem o seu... uma peça de damas não serve ao jogo de xadrez... assuma sua sina...


A criomante então começa a escrever algo no livro com a pena, e Belian, em meio à dor excruciante de seus ossos sendo esmigalhados, sentiria um peculiar toco de giz surgindo dentro de sua mão.

A vontade de Belian em triunfar era tanta que em sua mente criava justificativas para se encaixar onde imaginava pertencer, o corpo ainda frágil quebrou o casulo irradiado de mana azul e embora a diplomacia fosse uma face muito amiga do metamorfo ela não estava em seu cerne e esse foi o ultimo grave erro cometido pelo senhor onírico durante essa campanha. Vento Cinzento gentilmente lembrou quem era o único ali que poderia acessar a linha de força preta matando de forma cruel o lobo que deveria enfrentar o metamorfo e colocando Belian de uma vez por todas no chão com os ossos quebrados e qualquer traço de soberba despedaçado. No mundo físico de Ravnica o lugar de Belian era aos pés do lupino...

"Iris: Seu problema foi esquecer-se de quem é... de seu lugar e propósito... do local que escolheu assumir... existem muitos tabuleiros... você já tem o seu... uma peça de damas não serve ao jogo de xadrez... assuma sua sina..."

O toco de giz tão estimado e há muito esquecido toca novamente as mãos de Belian e agora cada palavra dita pela senhora do destino faziam sentido. Belian entendeu sua sina, sua jornada e seu papel. Seu erro foi querer ser uma linha de força quando tinha em suas mãos todo o poder de ser um eterno. Belian conhecia um lugar onde seus poderes eram em muito amplificados e sabia que lá o lobo não era adversário páreo, o metamorfo iria mostrar ao lobo o porque seu titulo era o senhor dos sonhos, não só venceria o lobo em sua mente como o persuadiria a completar o destino de Belian.

Através de seu ultimo acesso telepático antes de sair em sua mais ousada jornada Belian resolve abrir os olhos de seus companheiros de batalha

- Companheiros de batalha, finalmente entendi o papel de cada um aqui. Lhes direi o que será preciso para que triunfemos daqui em diante. Vento Cinzento é o único daqui capaz de acessar a linha preta, isso faz com que ele seja peça chave no plano para acabar com o obelisco. Obviamente ele não fará por vontade própria, e essa será a minha responsabilidade farei com que Vento Cinzento acesse a linha de força preta e atue de acordo com as nossas necessidades. O Objetivo de Trizan e Simba é acessar as respectivas de linhas de força o quanto antes enquanto sobrevivem as investidas de Vento Cinzento, Teiven e Duraha precisam ajudar os demais a se protegerem enquanto eu não consigo acessar Vento Cinzento. Quando todos estiverem acessando a linha de força poderemos destruir o obelisco por dentro pois as linhas de força passam pelo obelisco, essa será a brecha que iremos explorar. Se por alguma minima chance do destino vocês acharem que conseguem matar o lobo NÃO O FAÇAM a morte de vento cinzento agora seria o triunfo do próprio Bolas e o fim do mundo que conhecemos. Vocês perceberão quando o lobo estiver atuando conosco e lembrem-se o acesso a linha de força tem como único objetivo nos dar acesso ao Obelisco e não nos dar força suficiente para rivalizar Vento Cinzento, o combate prolongado com ele será nossa ruina. Espero que nossos próximos passos estejam claros. Diante da vastidão do multiverso será um prazer perecer ao lado de seres tão incríveis

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Belian então manipula de forma rudimentar o giz em sua mão desenhando um retângulo torto próximo ao seu corpo e toca com os dedos esse retângulo empurrando-o para baixo e então fecha os olhos. Em sua mente uma porta se abre em meio ao breu iluminando fortemente tudo a sua volta. Belian adentra a porta e uma sensação de poder toma seu corpo todo. Estava em uma grande castelo e um cephalida corre em direção a Belian com um livro em um de seus tentaculos e um cetro ornado com a figura de um bufão em outro

Balthazar Gush: - Seja muito bem vindo de volta senhor! Fazia muito tempo que o senhor não nos visitava de maneira apropriada, nós o viamos por ai vagando em seu laboratório sob o manto escondido de Belian Mutare mas agora retornou a realeza munido de todo poder por você merecido e sob a face que seus seguidores conhecem. Que todos saúdem Milk Vice, o senhor do Sonhar! Aqui estão o livro com os afazeres e necessidades do povo do sonhar acumulados durante o período e aqui claro o cetro do bufão aguardando o bom uso daquele que tem poder supremo nesse plano!

- Balthazar...agora me lembro. Passei tanto tempo visitando o sonhar de outras maneiras que nem sequer me lembrava de tudo que possuo aqui. O livro de afazeres deverá ficar para outra hora querido amigo, tenho assuntos mais urgentes no momento. O cetro no entanto será de grande ajuda. Balthazar sua lealdade claramente não pode ser questionada preciso que faça um ultimo favor...

Balthazar Gush: - O que quiser senhor.

- Quero que guarde isso. -  Belian então entrega o giz ao cephalida - É provável que eu não retorne vivo da jornada que seguirei, se isso acontecer quero que você assuma o manto de Senhor do Sonhar, assim que minha vida se esvair o giz lhe guiará até meus aposentos mais secretos e todas as instruções necessárias estarão a sua disposição. Devo partir e caso eu não retorne quero que saiba que foi um prazer conviver com um ser tão leal e tenho certeza que o manto não poderia ser repassado a tentáculos mais hábeis. Sinto muito por toda a ausência, caso eu retorne isso não mais acontecerá.

O metamorfo sai então com o cetro em mãos em direção a vastidão do sonhar, enquanto vagava pelos ermos da ala dos pesadelos Milk Vice manipulava o rosto do bufão até conseguir replicar uma cópia exata de vento cinzento. O cetro do bufão agora servia como um farol guia para que o metamorfo pudesse encontrar a morada dos pesadelos do próprio Vento Cinzento esse local teria sua película tocando a mente do lobo permitindo ao deus do sonhar uma invasão inesperada. Vento Cinzento era do tipo que só seguia ordens e sugestões através dos medos e Milk precisava explorar isso caso quisesse que seus objetivos fossem concluídos.

Coberto com um manto  de camuflagem Belian adentra ao local onde dentre todos os horripilantes pesadelos que ali habitavam um deles se destacava: A imagem intimidadora de Nicol Bolas. Belian então toca a película que tange a mente do lobo e sussurra

- Esteja pronto para a parte final do plano ou vou lhe mostrar o verdadeiro significado de sofrimento.

O metamorfo queria verificar se conseguia se comunicar com o lobo através da película bem como conseguir informações da mente do lobo para saber como manipula-la e influencia-la com os comandos do Sonhar.

Trizan havia concentrado sua mente nas coisas mais cruéis que já havia feito, deixou a mana preta tomar conta de seu corpo, como linhas mágicas manipulando uma marionete. Ainda assim, ele não sentia nada: a linha de força não respondia.

“Esse é provavelmente meu limite…”

Íris via claramente as intenções de Trizan, ela podia lê-lo como um livro aberto. Embora o problema de Íris deter tanto conhecimento a respeito de Trizan era um problema, mas cortar a garganta dela seria de fato muito baixo para o senador. Ainda mais, a ameaça de Bolas era muito mais importante nesse momento do que alguns segredos. A azorius usa mais um truque com gelo para “escapar” de Trizan.

O teatro havia terminado, a invocação de Vento Cinzento avançava com voracidade em direção a Trizan e Simba. Relutante, Trizan aproxima-se do Leonino.

- No final das contas você estava certo. Desculpe-me, eu estava tentando acessar a linha da crueldade, acredito que foi muito óbvio. Eu ainda não estou certo que medir poderes mentais com Bolas é uma boa ideia, mas estou disposto a tentar.

Trizan move-se para trás do leonino.

- Seu plano é o próximo na mesa. Agora, precisamos lidar com aquela coisa!!

Com feixes de luz branca-azulada Trizan conjura uma aura ao redor do leonino. O encantamento emanava energia, garantindo-lhe proteção física e mágica além de lhe conceder um par mágico de asas.

Dor, sofirmento, instinto, guerra, auto-conhecimento, feras, mortos-vivos metalicos, deus-morto que morreu de novo( e esperamos que seja a ultima vez), um dragão Filho da Put* que ta fod*do com todo mundo, usando o cão-de-briga bombado por energia e sanguinário, esse de fato, era mais um dia... ou menos um...quem sabe, poderia ser o ultimo dia do Gigante Teiven e de seus aliados.

O gruul foi ferido, sofrera pela mordida do lobo, mas não era algo tão serio assim, seu sangue escorreu...verde, curioso o fato quando olha para seu ombro mordido antes de explodir a cabeça do lobo com um potente soco. O Poder do mana verde da linha da força agia incrivelmente do corpo do gigante, potencializando seus músculos e metabolismo.

Sangue vermelho, essa era a cor do sangue do lobo que jorrou no planinauta gigante apos explodi-la, causando uma imagem peculiarmente brutal, esse era Teiven, O Bruto. Após os breves movimentos de combate Belian o telepata envia uma mensagem mental para todos os aliados, pedindo algo muito difícil para o Gruul, não matar o Cão de guarda de Bolas, pelo jeito ele faria parte do plano, isso seria intrigante, e para Teiven seria muito complicado.

-Certo.... Mas quero bater muito nele ! isso pode? - responde o Gruul mentalmente.

Teiven, solta o ar por suas enormes narinas, irritado, pode seu instinto dizia para esmagar a cabeça do lobo, e depois arremessar o obelisco em bolas. Mas, toda essa furia, essa vontade de matar Vento Cinzento  seria direcionada para seus lacaios, seus lobos gigantes e ágeis. Eles que atacavam em conjunto, se posicionando para um golpe pelos flacos do gigante, visando suas coxas.

Venhamm, Rgggghhhhhh...Quer minha perna? Tomaaaaa!

O gigante então salta de encontro com o lobo da esquerda, antecipando a aproximação e desferindo um chute, (algo similar a um "tiro de meta") visando a cabeça do lobo que vinha ao ruma da sua coxa esquerda, para quebrar seu pescoço devido  potencia muscular do chute  .   Porem sabia que não seria rápido para neutralizar o ataque do o segundo, por mais que tenha ganhado algum espaço dele, então contrai os músculos de sua coxa para tentar diminuir os danos que as presas iriam causar  e (Golpe Duplo)   Após receber a mordida, o Gigante iria segurar com as mãos o rosto do lobo, uma na parte inferior e na superior, segurando com tamanha força para quebrar a mandíbula e o maxilar e em seguida rasgá-lo em dois

Batalhas são sim vencidas com soldados, mas guerras são vencidas com informações.

O leonino segurava firme a mão do senador, algo que mostrou-se não ser necessário, a maga gélida soube lidar com a situação facilmente e, talvez ainda mais do que antes, trouxe as informações de forma mais precisa para todos ali. Simba olhava nos olhos de Trizan enquanto ela discursava, colocou-se firme de pé enquanto ouvia cada uma das palavras, tanto dela quanto dele; Uma aura azulada surge ao redor do corpo do leonino e em suas costas asas espectrais surgem. Simba deu um pequeno sorriso, lembrou-se dos grandes répteis alados de seu mundo, assim como de algo que eles costumavam fazer e com a energia certa e da forma correta, era possível imita-los; O leonino se virou de vez para o lobo que os atacava e movendo os braços junto com as asas, as projetou para trás e logo em seguida para frente, com uma rajada de energia luminosa branca, como penas, que certamente retalharia seu agressor e impediria seu ataque


Logo em seguida ele se vira para o mago, agradecendo com um aceno positivo da cabeça, mas antes de falar qualquer coisa, recebe as informações vindas do metamorfo. Era só um emaranhado de informações, como um quebra-cabeça, e o leonino fez o possível para monta-las; Seus olhos voltavam-se para Trizan

Simba: Vê o padrão nisso? O suposto Nicol Bolas o controla pois certamente o encantou, pudemos ver que ele falava com alguém e parecia sofrer danos pouco antes... O homem de várias formas parece que quer entrar naquela mente, mas ela já pertence ao inimigo... Você fala sobre não ter certeza que pode enfrenta-lo numa batalha mental, mas... - Simba apontou para as teias que cobriam o campo de batalha - Talvez eu possa, com sua ajuda... Vamos abrir caminho!

O leonino se virou rapidamente na direção do lobo cinzento, agachando-se e enrolando algumas teias em suas mãos

Simba: Se o homem estava certo, ele vai precisar de ajuda. Talvez eu consiga encontrar o encanto que prende o lobo através dessas teias, elas acabam tendo contato com ele também, mas destruir um encanto assim poderia causar os problemas que nosso aliado disse para não causarmos, mas ele entrar numa mente com dois inimigos certamente o fará também... Usarei o elo que Nicol Bolas criou na mente do lobo através deste encanto, preciso que nos conecte, que coloque minha mente através deste elo entre os dois... Preciso que me guie para enfrentar Nicol bolas.

Acreditando que o senador entendera o plano, Simba fechou seus olhos e permitiu-se conectar totalmente com as teias que ali estavam e através da mana branca iria tentar encontrar rastros do encanto que aparentemente Nicol Bolas havia colocado sobre Vento Cinzento, mas não com o intuito de destruí-lo e sim vincular-se